Wednesday, October 1, 2008

Eunice e Carmen Dolores na estreia de Vieira da Silva par elle même em Maio passado...

Maria José Paschoal reproduz fielmente os trejeitos da artista plástica

Teatro: Monólogo para ver no Museu ao Jardim das Amoreiras
Vieira da Silva volta a sua casa

Há dez anos que Maria José Paschoal queria levar ao palco as palavras – dispersas por várias entrevistas – de Maria Helena Vieira da Silva, pintora genial cujo centenário se assinala este ano.
Depois de desafiar a produtora Cassefaz para ser cúmplice da aventura, eis que o espectáculo estreou em Maio deste ano integrado na programação do Grupo Cassefaz e, depois do sucesso alcançado na primeira série de reprsentações está aí para ser visto de novo entre 16 de Outubro e 16 de Novembro de 2008 – em novos horários: quartas, quintas e sextas às 18h00 e aos sábados e domingos às 16h00.

O local não podia ter sido melhor escolhido: é no próprio Museu Arpad Szènes/Vieira da Silva, ao jardim das Amoreiras, que Maria José Paschoal encarna, com grande serenidade, uma das figuras mais fascinantes da cultura portuguesa do século XX.

Sob a direcção de Elisa Lisboa, ela ‘é’ Vieira da Silva, na medida em que reproduz fielmente não só a maneira de vestir e de se movimentar, mas também a forma de falar da artista, pausada, as suas entoações e (muitas) hesitações.

No palco do pequeno auditório do Museu, transformado numa sala de trabalho, acompanhamos um monólogo de cerca de uma hora em que a suposta Vieira da Silva nos fala, como se estivesse a reflectir em voz alta, sobre os mais diversos assuntos.

Desde a sua história pessoal às opiniões políticas que eram as suas, desde apreciações gerais sobre a arte à forma como o seu próprio trabalho evoluiu ao longo do tempo e a sua obra se veio a transformar num monumento incontornável.

Aliciante extra para o espectáculo é, claro, o facto de permitir ao espectador uma visita pelo próprio museu e quem comprar um bilhete pode ver os quadros da ‘verdadeira’ Vieira da Silva. Para maiores de 12 e amantes de artes plásticas, mas também para todos os que gostam de teatro onde as palavras se ouvem, os sentimentos emergem e os olhos se emocionam.
Para quem viu e gostou há esta nova oportunidade de rever o espectáculo; para que não viu não perca agora esta reposição!

Texto escrito a partir da notícia de Ana Maria Ribeiro publicada aquando da estreia no jornal Correio da Manhã.
Foto de Abel Dias.